Semanas atrás postaram no grupo fechado do Ovo a lista da Sight and Sound dos melhores filmes do ano. No meio de filmes fantásticos tinha um que não visto ainda: “Isso não é um filme” de Jafar Panahí e Mojtaba Mirtahmasb. Lembro que queria muito ver na época que passou no cinema, e não sei muito bem o que aconteceu para que eu não conseguisse.
Mas não estou aqui para falar do filme, que vi durante uma madrugada insone, nem sobre a revoltante situação da prisão de Jafar e da censura realizada pelo governo iraniano. Sabe, o texto não é sobre isso. Tá ali no título, você sabe.
Vim falar de angústia. Você hoje deve ter acordado e preparado toda sua rotina, por mais que o fim de ano mude um pouco ela. Feito sua higiene, seus pequenos rituais e manias e saiu de casa rumo aos compromissos que assumimos, de estudar, de trabalhar, de cuidar de alguém ou mesmo de não fazer ada. Talvez você odeie tudo, mas de algum modo você busca o que ama, fazer algo que o ajuda a sorrir.
Bem, Jafar não pode.
Ok, vamos falar um pouco do filme. Ele é uma leitura, feita com muita vontade por Jafar, como se ele quisesse mesmo fazer aquele filme de qualquer jeito. Ele sai da sua rotina de espera por uma ligação que o jogue na cadeia para buscar algo que mude ajude a criar meios para que aquilo que ele escreveu exista.
Não é um filme, nem um documentário. É só um registro de uma paixão. A paixão por se expressar, pelo cinema.
E paixões não são medidas por tempo, por dificuldades ou pelo que dizem que você pode fazer ou não com o que você sente. Não existe força no mundo que pode controlar o que você traz. Diria o Chico, “Ninguém vai me acorrentar / Enquanto eu puder cantar / Enquanto eu puder sorrir”.
Não deixe sua rotina e o que dizem impedir que o que você sente transborde. Isso não é um texto sobre cinema, nem auto-ajuda. É só uma dica.
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